FERNANDO PINTO
( BRASIL – RIO DE JANEIRO )
Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1924.
Juiz de Direito e Professor Universitário (livre-docente da UERJ), publicou livros jurídicos.
Figura também entre os colaboradores da Enciclopédia Saraiva de Direito. Agraciado em 1980. Com a Ordem do Mérito Judiciário Militar (grau distinção).
No campo da Literatura Fernando Pinto editou : Gênese (poemas), Espirais (poemas), Rua dos canta-versos (trovas), além de livros biográficos- filosóficos.
Membro do Cenáculo Brasileira de Letras e Artes (CEBLA) e um dos fundadores da Academia Brasileira de Literatura (ABDL), tem como patronos Graça Aranha e Tobias Barreto, respectivamente.
A TOGA E LIRA: coletânea poética. Abeylard Pereira Gomes ...
et al.: apresentação por Fernando Pinto. Rio de Janeiro: Record, 1985. 224 p. Ex. doação do livreiro BRITO, Brasília
PERENIDADE
Quando a forma se dissolva
restará o amor
intangível e puro
como um sol,
a igualar
todo o passado
a um só futuro.
O ESTOJO
Reencontrei o pedido relicário
em que ocultava sonhos e esperanças
de tempos idos, gentil ideário
que jamais me saíra da lembrança.
Mas entre as coisas que eu ali deixara
a repousar no estojo de veludo,
a mais bela de todas, joia rara,
o nosso amor, que sobreleva tudo...
BAILADO
Por entre flores adejam
os teus dedos peregrinos,
como pétalas rosadas,
que se misturam fragrantes
ao colorido jardim!
São flores doces e quentes,
as brancas mãos benfazejas,
que ornamentam delicadas
o belo palco florido.
Graciosas bailarinas
de excêntricos dançares,
rodopiam, volteiam,
ao som da música celeste
de invisíveis violinos...
Foto: estadio maracanã png
MARACANÃ
Regurgita o estádio colorido.
A multidão expectante anseia pelo jogo,
batalha autêntica em que a estratégia avulta.
A bola branca — imã das multidões — se agita.
Pequeno globo giratório, está em toda parte,
Sobe, desce, às vezes desliza
tocada pelo drible oportuno
ou pelo passe preciso;
outras vezes simplesmente voa.
De repente, um golpe de cabeça, traiçoeiro, malicioso,
que a felina defesa neutraliza.
E recomeça a trajetória louca,
por silvos interrompida.
Novamente a bola, incansável brinquedo,
ora em linha reta, ora em curva caprichosa,
vai e volta, no palco verde, a descrever parábolas,
num estranho balé de pés alados
de dançarinos pretos, brancos e mulatos.
No auge da refrega o arremesso desconcertante.
O chute heroico burla a defensiva,
e sempre a bola — deusa dos destinos em suspenso
vencendo cerrada vigilância
abriga-se nas redes...
Todo o povo se ergue eletrizado,
no paroxismo da emoção,
e o estádio, frio gigante de cimento e aço,
ganha alma e sangue em orgiástico momento
que, logo, em risos e lágrimas se desfaz.
*
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Página publicada em junho de 2023
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